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Investimentos locais geram competitividade global


Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil


Marcos Pontes


Existe uma verdade federativa que se repete ano após ano, especialmente em períodos de eleições municipais: a vida acontece nas cidades e são nelas que o cidadão se percebe como ator influente do sistema econômico e político nacional. 


Os municípios desempenham um papel fundamental para o desenvolvimento econômico e cultural do Brasil, contribuindo para o crescimento e para a competitividade do país. Ao fortalecermos os setores produtivos locais, incentivando o empreendedorismo, investindo em infraestrutura e educação e valorizando a inovação tecnológica, ajudamos os municípios a prosperar enquanto comunidades locais, atraindo a atenção de investimentos externos.


Para elevar o Brasil no cenário global precisamos criar políticas públicas que gerem oportunidades e garantam a execução do planejamento em cada uma das nossas cidades. É esse o caminho que devemos trilhar. 


Infelizmente, os cenários econômico e político atuais estão marcados por desafios complexos. O país mantém uma trajetória de alto índice de gastos públicos. O déficit primário de R$ 230 milhões nas contas de 2023 representa o segundo pior resultado desde 1997.


As oscilações políticas e regulatórias causam insegurança jurídica, o que torna o Brasil pouco atrativo para investidores em potencial. E enfrentamos o problema de canalizar os recursos federais destinados aos municípios. Sabemos que o planejamento orçamentário é complexo e, muitas vezes, não reflete a realidade das pequenas regiões.


Outro problema enfrentado por nós é uma visão estratégica de país ainda ancorada em princípios antigos e anacrônicos. Os setores de ciência e tecnologia são encarados como acessórios no momento de definirmos as prioridades para a destinação de recursos no nosso país. Nada mais equivocado, sobretudo atualmente. Eles devem ser considerados altamente estratégicos para obter resultados positivos na economia e na geração de emprego. Eu espero que o estado de São Paulo e seus municípios funcionem como projetos-piloto de investimentos nessas áreas modernas da economia de qualquer nação.


O melhor caminho para a integração de projetos tecnológicos em grande escala é que eles sejam iniciados nos municípios. Porque os gastos serão menores e os resultados sairão mais rápidos. É mais fácil criar sinergia entre pequenas regiões do que em mercados globais. Pensar globalmente e agir localmente é uma regra do marketing esquecida com a globalização. Mas esse é um pensamento que deve ser explorado melhor tendo em vista a realidade dos nossos municípios. É preciso incentivar o empreendedorismo regional.


Para atrair empresas e dinheiro, devemos transformar essas regiões em cidades inteligentes e sustentáveis, a fim de chamar a atenção do capital internacional, de grandes bancos e de grandes empresas. Isso vai trazer uma melhor distribuição de pessoal, de renda e vai ampliar a qualidade de vida da população. E a inteligência artificial, bem utilizada e com projetos de desenvolvimento estratégico definidos, poderá ser essencial nesse processo. 


A implementação das escolas técnicas para profissionalizar e qualificar a mão de obra brasileira é outro passo para tornar isso possível. É importante considerar a potencialidade de cada município e as regiões à sua volta para descobrir as necessidades que precisam de soluções. Com planejamento, é possível construir incubadoras para empresas e alunos e vários tipos de negócios, criando um ecossistema tecnológico onde o ser humano é a parte principal. Precisamos facilitar a vida do empreendedor.


É preciso que os municípios brasileiros tenham uma saúde financeira robusta e uma cultura forte e independente. Somente com emprego, a população conseguirá se reerguer e fazer girar a roda da economia. É preciso fortalecer as empresas, criar oportunidades para elas ampliarem seus negócios e garantir uma gestão adequada para a população ter capacidade de crescimento. Essa roda virtuosa, que agrega a economia tradicional aos novos campos de desenvolvimento científico e tecnológico, permitirá ao Brasil alçar outros voos na competitividade global.


MARCOS PONTES é astronauta, senador (PL-SP) e vice-presidente da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo




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