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Brasil precisa superar desigualdades



Por Vinícius Carvalho


Antes de assumir a Presidência, em 1995, e governar o país por oito anos, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso afirmou que “o Brasil não é um país pobre. É um país injusto”. FH comandou a nação até 2002, passando a faixa para mais oito anos do ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva. Este foi sucedido por Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) no pós-impeachment e, agora, Jair Bolsonaro (PL).

Avançamos em muitos pontos, chegamos a ser a sexta economia mundial. Hoje temos o 13º PIB do planeta. Fomos enquadrados na categoria de países emergentes, tivemos participação em fóruns internacionais importantes, ajudamos a fundar os Brics, temos um acordo com a União Europeia em ajustes e fomos convidados a ingressar na OCDE, grupo das nações mais desenvolvidas do planeta.

E a injustiça? Prossegue e agravou-se com a recessão dos últimos sete anos. O índice de Gini de rendimento médio mensal real dos brasileiros, aferido na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de 2020, foi de 0,500. Um pouco mais baixo que o índice de 0,506, medido tanto em 2018 quanto em 2019. Mas o acirramento da pandemia agravou o cenário e, no segundo trimestre de 2021, esse índice estava em 0,640. Quanto mais próximo de 1, maior o desnível entre os mais ricos e mais pobres.


No ano passado, a concentração de renda deu novamente as caras, de uma maneira intensa e dolorosa. O 1% mais rico do país tem quase metade da fortuna patrimonial brasileira (48,9%). Os 10% mais ricos no Brasil detêm quase 80% do patrimônio privado do país.

Se temos problemas com a geração atual, a geração futura também corre sério risco de comprometimento. Segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), exame feito pela OCDE a cada três anos para medir os conhecimentos dos estudantes de 15 anos em provas de leitura, matemática e ciências, o Brasil aparece na 54ª posição. E 34,1% de nossos alunos já repetiram algum período escolar, enquanto a média nos países da OCDE é de 11,4%.

As estatísticas são cruéis. Basta olhar para nossas cidades, nossos presídios, nossos cruzamentos de trânsito e nossas comunidades — com habitações humildes, sem condições de saneamento, construídas em áreas de risco sujeitas a tragédias em períodos de chuva — para perceber que os números não mentem.

O Brasil jamais será competitivo se seus cidadãos não tiverem um mínimo de condições de desenvolvimento. Oportunidades para os filhos estudarem para escolher o futuro; vagas de emprego para que os pais possam desenvolver suas habilidades, sem ficar dependendo de auxílios governamentais, paliativos que devem ser temporários, e não perenes, como acontece atualmente; renda digna para que as famílias possam viver em condições para suprir as necessidades do cotidiano e, quem sabe, almejar voos mais amplos de consumo e futuro.

Discutir competitividade e Custo Brasil não é uma pauta que interesse apenas ao setor produtivo ou aos grandes exportadores. Interessa também aos trabalhadores, empreendedores, estudantes —e a todos aqueles que, hoje, estão à margem do sistema, mas que sonham viver uma vida melhor. Um Brasil mais competitivo é um país mais justo e cidadão.


*Deputado federal (Republicanos-RJ), é líder do partido na Câmara e integrante da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo






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