Lucas Ramos
O Brasil depende de uma indústria robusta para se tornar um país forte. O setor precisa ser reestruturado para que possamos ter uma economia competitiva, capaz de se desenvolver de maneira sustentável, criando emprego e renda para todos os brasileiros, em todas as regiões.
A política pública “Nova Indústria Brasil”, recentemente lançada pelo governo Federal, chega como um farol para conduzir o país rumo à neoindustrialização, atendendo as demandas urgentes e reforçando o fomento à PDI (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação).
Ao integrar o setor produtivo e o Poder Público em torno de um só objetivo, alcançamos um ponto de inflexão crucial para a construção do futuro de inovação, descarbonização, produtividade e maior acesso aos mercados internacionais.
Se o Estado brasileiro quer ser grande de fato, capaz de ombrear com as principais nações do mundo, é fundamental ter uma visão sistêmica do processo produtivo e das cadeias globais de produção. Nesse sentido, são fundamentais as 6 missões –objetivos, diretrizes e oportunidades definidas pelo novo programa– que alcançam não apenas as atividades tradicionais do setor industrial atual, mas mantém uma ponte conectada com o amanhã.
Dentro dos princípios de um desenvolvimento econômico ambientalmente sustentável está o debate tecnológico da indústria 4.0 de mãos dadas com a necessidade de se buscar fontes biorrenováveis de energia.
Na década de 1980, por exemplo, segundo especialistas da CNI (Confederação Nacional da Indústria), a produção industrial brasileira era equivalente à produção da Coreia do Sul e da China, somadas. Hoje, a atividade industrial chinesa é 25 vezes maior que a do Brasil. Para se ter uma ideia, segundo dados do Instituto Aço Brasil, o gigante asiático produz em 11 dias a mesma quantidade de aço que produzimos em 1 ano.
Mas não adianta só lamentar e ter saudosismo em relação a um período que não se repetirá. Precisamos promover a neoindustrialização brasileira, tendo a consciência de que a indústria do século 21 é moderna, ambientalmente sustentável e tecnológica. É dessa realidade que temos de partir para competir com os demais países considerados desenvolvidos. Se não, continuaremos em um patamar inferior, o que não resolve nosso problema.
A nova política industrial traz o agro –o setor nacional que mais entendeu as necessidades de se modernizar para competir no xadrez global– para perto:
mapeia gargalos e necessidades em infraestrutura urbana;
desenvolve a indústria da Saúde, setor tão importante, especialmente depois dos desafios enfrentados pela pandemia de covid-19;
estimula a pesquisa e a inovação no campo da tecnologia da informação;
incentiva a busca pela descarbonização e a transição energética sustentável;
e fortalece a indústria de defesa nacional, tornando-a estratégica em nossa matriz de desenvolvimento.
O conceito central é de que a produtividade está diretamente ligada à digitalização. Quanto mais digital e tecnológico, mais competitivo o setor industrial será. A intenção é digitalizar 90% das indústrias brasileiras e triplicar a participação da produção nacional no segmento de novas tecnologias.
No campo da bioeconomia, o país se propõe a:
cortar em 30% a emissão de gás carbônico por valor adicionado do PIB (Produto Interno Bruto) da indústria;
elevar em 50% a participação dos biocombustíveis na matriz energética de transportes;
e aumentar o uso tecnológico e sustentável da biodiversidade pela indústria em 1% ao ano.
As propostas e metas contidas no novo plano são ousadas. No campo das cadeias do agro se propõe:
aumentar para 50% a participação da agroindústria no PIB agropecuário;
alcançar 70% de mecanização na agricultura familiar;
e fornecer pelo menos 95% de máquinas e equipamentos nacionais para agricultura familiar.
No campo da saúde, a ideia é atingir 70% das necessidades nacionais na produção de medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos e outros insumos e tecnologias do setor.
No setor de infraestrutura, o foco principal é o transporte urbano, buscando diminuir em 20% o tempo de deslocamento de casa para trabalho e aumentar em 25 pontos percentuais o adensamento produtivo (diminuição da dependência de produtos importados) na cadeia de transporte público sustentável.
Na área da Defesa, o objetivo é atingir a autonomia de 50% da produção de tecnologias críticas para a defesa.
Trata-se de metas ousadas e que vamos monitorar e cobrar que sejam atingidas. Mas precisamos acelerar sua implementação e o Congresso será determinante nessa jornada, avaliando e aprovando regulamentações, reforços orçamentários e outras medidas estruturantes. Em tempos de competitividade tão acirrada, não se pode perder tempo e força de negociação no cenário internacional. O Brasil tem plenas condições de ser ainda maior do que já é.
Lucas Ramos é deputado federal (PSB-PE) e diretor de reindustrialização da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo
Leia o artigo em: https://www.poder360.com.br/opiniao/uma-industria-forte-sustentavel-tecnologica-e-moderna/
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