Evair de Melo
O agronegócio brasileiro, mais uma vez, sustentou o PIB nacional, apesar do pequeno avanço de 0,4% verificado no 3º trimestre. Este resultado discreto assegurou, até o momento, um avanço do PIB do setor em 10,79%, no acumulado de janeiro a setembro deste ano. O bom momento segue amparado na parte agrícola (elevação de 17,06%), mesmo com a retração do setor pecuário, que encolheu 4,76%, de acordo com especialistas do Cepea (Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada), da Esalq/USP.
Apesar do momento de oscilação momentânea, o agro nacional segue uma ilha de excelência no meio da economia brasileira. Esta ainda sofre os efeitos da retração decorrente da pandemia da covid-19 e de uma contração iniciada durante os governos do PT, nos idos de 2015, e da qual ainda não conseguimos sair. É importante estarmos atentos ao fato de que os sucessivos bons resultados obtidos pelo agronegócio brasileiro não são fruto da sorte. Se assim fosse, seriam resultados sazonais, se pudermos nos apropriar de um termo caro ao setor. Pelo contrário, são perenes, impulsionados por uma série de fatores que ajudaram a colocar nossos produtores rurais no patamar que se encontram atualmente.
Que fatores são esses? Uma estrutura tributária equilibrada, condições para investir em novas tecnologias, disposição para apostar em novas linhas de produção, formação profissional que estimula o cooperativismo, modelo pelo qual não apenas os grandes produtores ganham, mas também os médios e pequenos, desde que se associem em busca de um objetivo comum.
Isso tudo torna o agro brasileiro extremamente competitivo. Esses elementos, conjugados, colocam nossos produtores em condição de competir de igual para igual com os grandes players internacionais. Na maioria das vezes, suplantando seus concorrentes. Em outras, disputando em condições de igualdade absoluta com os demais competidores.
Já conhecia de perto essas características, graças à minha formação de técnico em agronomia e agrimensura. Quando resolvi me candidatar pela 1ª vez em 2014, meu desejo era aprofundar ainda mais esse processo de desenvolvimento e permitir, ao lado de outros pares congressistas, que mais setores da economia também ganhassem esse know-how de competitividade.
Por isso resolvi me juntar à Frente Parlamentar do Brasil Competitivo em junho deste ano. Eu defendo que todos os setores da economia brasileira tenham condições justas para competir. A desigualdade tributária, a burocracia, as barreiras para que os empreendedores possam abrir e conduzir os próprios negócios, os gargalos de infraestrutura, as lacunas de educação e mão-de-obra impedem que o Brasil seja um país mais justo, desenvolvido e inclusivo.
É bom termos um setor como o agro. Mas é péssimo, enquanto nação, celebrarmos ilhas de excelência. É nosso dever, como congressistas, lutar para reduzir o Custo Brasil, que nos tira R$ 1,5 trilhão anualmente, algo que representa 22% do PIB nacional. É muito dinheiro desperdiçado, muitos recursos que deveriam estar sendo aplicados em melhorias para o povo brasileiro.
Um país mais competitivo gera mais empregos e renda para os cidadãos. Permite que os alunos tenham escolas melhores, que os serviços sejam mais bem prestados, que as empresas tenham condições de crescer sem sustos, que as famílias não fiquem dependentes de programas de transferência de rendas eternos. Se isso não acontecer, seguiremos esgarçando nosso tecido social, fazendo com que mais e mais brasileiros fiquem dependentes dos humores e programas transitórios dos governantes de plantão, sem romper as barreiras do subdesenvolvimento.
Evair de Melo (PP-ES) é deputado federal e integra a Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo.
artigo publicado em: (https://www.poder360.com.br/opiniao/competitividade-do-agro-deveria-ser-modelo-e-nao-excecao/)
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